"Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:

'Trouxeste a chave?'"

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Saudade

De vez em quando bate uma saudade esquisita e sem nome...
Saudade de ser criança, correndo por aí, pés sujos, peito aberto e sem fôlego, rindo de tudo (e nada), cantando uma ciranda que fale de alecrim...

Ê tempo, implacável tempo que tudo transforma! Pegou essa criança e levou embora.

De vez em quando a criança que eu fui passa correndo por mim. E eu sinto uma saudade esquisita e sem nome, que tem cheiro de alecrim...

"Alecrim dourado
Que nasceu no campo
Sem ser semeado..."

Ainda que seja tarde...

Ainda...
Ainda que seja tarde,
este meu desejo arde,
como a chama da fogueira.
Te amei de tantas maneiras!
Ouve!
Ouve meu lamento:
ainda existe o sentimento
de que não acabou
nosso amor. Ainda ficou,
aqui na minha boca
a mesma vontade louca
de te beijar...
Quero te amar!
Teu amor me conforta!
Vou bater na tua porta
cheia de desejo,
querendo o seu beijo...
Ainda...
Ainda sou tua cigana,
quero estar na sua cama,
estou pronta pra te amar.
Estou pronta pra ser tua...
as estrelas e a lua
vão nos invejar.

(em 06/12)