"Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:

'Trouxeste a chave?'"

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Sobre palhaços (e a difícil arte de fazer rir)

Ser palhaço não foi tanto uma escolha, foi quase uma imposição. Posição imposta pela vida, que me obrigou a mostrar sempre meu melhor sorriso, mesmo quando por dentro sou só pedaços… Palhaço se despedaça? Sim, senhor! Palhaço sente dor? Pois sim, meu amor! Palhaço sofre com um sorriso no rosto, e de tanto sorrir, sofre menos. Pois ser palhaço é profissão de risco: corre-se o risco de esquecer suas angústias, de tanto fingir que não as tem. Ser palhaço é ofício sério: o palhaço carrega nos ombros a grave missão de fazer feliz, mesmo quando sua própria alegria está por um triz… Ser palhaço é ofício difícil: dia sim, dia também, o palhaço vive para mostrar ao mundo que riso é remédio, que alegria é profilaxia, que amor cura… Amor dura? O palhaço não sabe. O palhaço só tem uma certeza: quem vive para fazer rir, vive mais… Mais dor, mais tristeza, mais alegria, mais beleza… Afinal, palhaço é feito de contradição… e, por isso mesmo, palhaço não morre: quando muito, adormece, se aconchega e se aninha no nosso coração.

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