Em 11 de setembro de 1979 alguém pegou este livro (Vinte poemas de amor e uma canção desesperada) e escreveu na página 65, a página em que está o poema número 20, um dos meus favoritos.
Quase 36 anos depois o livro vem para minhas mãos com essa e muitas outras inscrições do anônimo proprietário anterior.
É engraçado pensar que a nossa existência, por frágil e efêmera que possa parecer, deixa marcas das quais não nos damos conta.
Será que o anônimo do poema 20 pensou nisso quando escreveu? Será que passou pela cabeça dele, ou dela, que alguém que só nasceria nove anos depois daquele setembro um dia teria o mesmo livro nas mãos e se perguntaria, lendo a inscrição que acompanha um dos poemas mais tristes do livro, quem teria deixado aquela marca?
Como se chamava? Quem era? O que sentiu quando leu o poema, e quando pegou no lápis para escrever umas tantas palavras?
A memória tem dessas coisas, é toda feita de afeto. O livro vai continuar marcado como está, e eu vou continuar me perguntando quem foi o misterioso poeta da página 65.
A vida, amigos, é bonita que dói!
Nenhum comentário:
Postar um comentário